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30 Junho
Belém
CARRAPATOS: “Entendendo um pouco mais sobre estes aracnídeos”
Autor: Jurupytan Viana
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Por: Prof. Dr. José Ledamir Sindeaux Neto

Os carrapatos são aracnídeos ectoparasitas hematófagos de vertebrados e estão distribuídos em três famílias: os Argasidae, que são conhecidos como carrapatos de corpo macio, os Ixodidae, carrapatos de corpo duro e os Nuttalliellidae, considerados fósseis vivos, carrapatos com carcterísticas pré-históricas e que possuem apenas um gênero, Nuttalliella.

A família Ixodidae, distribui-se em 14 gêneros, dos quais destacamos Ixodes, Amblyomma, Dermacentor, Rhipicephalus e Haemaphysalis, sendo ao família mais estudada, por serem transmissores de diversos patógenos com elevada importância para a Medicina Veterinária e Saúde pública.

O ciclo de vida dos carrapatos tem quatro estágios: ovos, larvas, ninfas e adultos.  A larva presente no ambiente eclode a partir de um ovo e têm necessidade vital de parasitar um animal, onde se alimentará e retornará ao ambiente, realizando a ecdise e originando a ninfa. No estágio de ninfa, voltam a parasitar um animal, alimentam-se, retornam ao ambiente, realizam novamente a ecdise e tornam-se adultos, machos ou fêmeas.

Os carrapatos adultos, voltam a parasitar animais para alimentarem-se e copularem. A fêmea após a cópula necessita de elevada quantidade de sangue para sua manutenção fisiológica e de seus ovos, chegando a mais de dez vezes o tamanho dos machos (Ingurgitadas ou Teleóginas), que então se desprendem do animal e retornam ao ambiente para ovopostura durante algumas semanas, na qual são postos até 5 mil ovos (variando de acordo com as espécies), culminando com a morte do carrapato fêmea.

Em geral, os carrapatos têm vida livre, dependendo de uma variedade de hospedeiros até completar seu ciclo de vida, desde pequenos mamíferos, até répteis e aves para as fases de larva e ninfa, e grandes mamíferos, como cervídeos, felinos e canídeos para a fase Adulta. A exceção é o carrapato marrom (Riphicephalus sanguineus), que utiliza cães como único hospedeiro para larvas, ninfas e adultos, podendo sobreviver e completar seu ciclo de vida no interior de casas e canis.

O carrapato detecta um hospedeiro através do calor, vibrações, sombras e CO2 elevado. Depois de se prender ao pelo de um animal que esteja passando, o carrapato se fixa imediatamente ou migra para uma localização externa mais adequada à sua manutenção, como cavidade auricular, cernelha, entre outros.

Os estágios de larvas ou ninfas do carrapato adquirem patógenos ao se alimentar de sangue hospedeiros infectados e ao se alimentarem de um novo hospedeiro, como cães e seres humanos, podem transmitir o patógeno adquirido em fase anterior. Importantes exceções são a Rickettsia spp., agentes da febre maculosa, e a Babesia spp., que podem ser transmitidos por via transovariana de fêmeas adultas aos ovos e transmitidos aos hospedeiros por estágios larvais de carrapatos.

O estudo dos carrapatos é de fundamental importância para entendimento epidemiológico de diversas doenças comuns aos animais e aos seres humanos, podendo traçar rumos adequados para o controle e prevenção destas.

REFERÊNCIAS

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