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27 Janeiro
Belém
Prevenção contra a Doença Hemolítica Perinatal
Autor: Eliane Leite

A atenção a gestantes é parte primordial do pré-natal, e deve englobar uma equipe variada e multiprofissional para contemplar diferentes aspectos da gravidez, incluindo o âmbito psicossocial. Em gestantes nas quais a incompatibilidade entre o Rh materno-fetal é detectada no pré-natal, a necessidade de um acompanhamento multiprofissional é ainda maior.

A incompatibilidade entre o fator Rh entre mãe e feto é responsável por aproximadamente 95% dos casos de doença hemolítica perinatal (DHP). A aloimunização materna pode ocorrer pelo contato com quantidades muito pequenas de sangue fetal, e 0,1mL de sangue fetal já seriam suficientes para provocar a produção de anticorpos em 90% das mães. É importante ressaltar que a troca entre sangue materno-fetal geralmente é inferior a 6 mL, suficiente para iniciar a geração de anticorpos.

Mães em risco de desenvolvimento de DHP apresentam maior risco de aloimunização por fatores como traumatismos múltiplos ou abdominais, descolamento de placenta, gravidez gemelar. A equipe de saúde multidisciplinar deve incluir não só médicos, mas também enfermeiros, fisioterapeutas, biomédicos, farmacêuticos e outros profissionais, que devem, cada um em sua especialidade, orientar a paciente na diminuição dos fatores de risco para imunização.

O papel destes profissionais deve ainda ser o de educar estas mulheres sobre a necessidade do acompanhamento regular e do que consiste a imunização anti-D, os riscos aos quais a gestante e o feto estão expostos caso o acompanhamento não seja correto, além de ressaltar a importância da diminuição dos fatores de risco, quando possíveis. 

Profissionais de diagnóstico, como biomédicos e farmacêuticos bioquímicos, precisam estar em constante atualização sobre os métodos diagnósticos mais utilizados, e recomendar testes adicionais quando necessário. Uma maior interação entre os profissionais médicos e enfermeiros e outros membros da equipe, com finalidade de compartilhamento de conhecimentos e integração na atenção de saúde, deveria ser primordial para pacientes em risco de desenvolvimento de DHP.

Os antígenos RH não estão presentes somente nos eritrócitos, mas também em outros tecidos (Castilho, 2015, pg. 77). É necessário levar em consideração que a troca de células entre mãe e feto ocorre naturalmente (Gammill, 2011) e que estas células permanecem por anos no organismo das mães (Chan, 2012), então é possível que ocorra imunização Rh em mães Rh negativas mesmo na ausência de grande troca de sangue mãe-feto, por expressão de antígenos Rh em células fetais não eritrocíticas que acabam na corrente sanguínea. Até este momento, este fato não parece ser levado em consideração e, desta maneira, é provável que a utilização de Anti-D deva ser reavaliada em face à estes fatos, e que a imunização materna deva ser feita mesmo na ausência de troca de um teste de roseta positivo. Este tipo de questionamento e avaliação na mudança de conduta só pode ser feito quando os diversos profissionais envolvidos no cuidado da paciente conversam, trocam conhecimento e tomam decisões em conjunto.

 

Referências Bibliográficas: 

Chan WF, Gurnot C, Montine TJ, Sonnen JA, Guthrie KA, Nelson JL. Male microchimerism in the human brain. PLoS One. 2012;7(9):e45592. doi: 10.1371/journal.pone.0045592.

Gammill HS1, Adams Waldorf KM, Aydelotte TM, Lucas J, Leisenring WM, Lambert NC, Nelson JL. Pregnancy, microchimerism and the maternal grandmother. PLoS One. 2011;6(8):e24101. doi: 10.1371/journal.pone.0024101. 

Lilian Castilho, Jordao Pellegrino Junior, Mario E. Reid. Fundamentos de imunohematologia. EDITORA ATHENEU, 1a edição, 2015

 

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