12
Setembro
Belém
Uma breve revisão do Alzheimer para futuros Biomédicos
A doença neurodegenerativa é considerada um problema de saúde pública
A doença de Alzheimer (DA) consiste em uma doença neurodegenerativa, e devido á pirâmide etária no Brasil, evidenciando o envelhecimento populacional, é considerada um problema de saúde pública (APRAHAMIAN et al, 2008). A questão etária é também considerada um dos principais fatores que predispõe a manifestação da DA, e além dele serão abordadas outras causas que podem influenciar no seu aparecimento, tais como a hereditariedade e o comprometimento do sistema vascular. Também serão discutidos os fatores de proteção da DA, que irão auxiliar na melhora da qualidade de vida do idoso para prevenir a manifestação da mesma, entre eles estão os exercícios, as dietas, a interação social e as atividades cognitivas (CARRETTA et al,2012).
A DA pode ser classificada pelo seu início precoce (DAIP) ou o tardio (DAIT), o DAIP se caracteriza pela manifestação dos sintomas quando a idade for inferior a 60–65 anos, enquanto o DAIP somente irá se expressar no momento em que a idade for superior a 60-65 anos (PEREIRA, 2013). Há hipóteses que a hereditariedade é um fator interno o qual tem uma correlação com fatores externos, tais como a falta de exercício, uma dieta pobre em nutrientes entre outros, podem influenciar no surgimento precoce ou tardia da doença. A DA de início precoce ou o tardio podem possuir um histórico consistente com a genética autossômica dominante, familiar ou esporádica dos seus portadores e dos seus familiares (GOLDMAN et al, 2011).
A genética autossômica dominante é expressa quase, em sua totalidade, no Alzheimer de início precoce, sendo mais de 5% dos seus casos atrelados a ela, também se dá quando há, no mínimo, três indivíduos os quais poderão ter um parentesco de até duas gerações, entretanto é necessário que dois deles possuam uma relação de primeiro grau com o terceiro indivíduo. A familiar possui aproximadamente 47% dos casos do DAIP e apenas de 15 a 25% do DAIT, sendo ela definida por ter dois indivíduos afetados os quais terão um parentesco até, no máximo, o terceiro grau. E o esporádico é quando há um caso isolado na família, e 75% de todos os casos de Alzheimer estão enquadrados nele, além disso 40% dos casos esporádicos são de início precoce, os três principais genes os quais influenciam no DAIP esporádico são a PSEN1, PSEN2 e a APP (GOLDMAN et al, 2011).
As mutações ocorridas nos genes PSEN1, PSEN2 e a APP, são fatores os quais influenciam a manifestação da DAIP e eles constituem cerca de 40% dos seus casos. As alterações que se sucedem nas proteínas presenilinas estão nos genes PSEN1 e PSEN2 e são relacionados a proteína precursora amiloide (APP), já que eles causam modificações no seu processo de clivagem. A predisilina 1 provocar uma resposta inflamatória as quais estão localizadas na placa amiloide, além de intervir no curso natural da morte celular. Enquanto a predisilina 2 está relacionada a estimulação acelerada da degeneração dos neurônios. Ao contrário da DAIP a DAIT, está intimamente ligada a sofrer influência dos polimorfismos e não das mutações científicas (LUCATELLI et al, 2009).
O estado do sistema vascular está intimamente interligado ao processo de envelhecimento do organismo, pois devido a diminuição do fluxo sanguíneo em decorrer da redução dos batimentos, da fibrose miocárdica e da atrofia dos músculos cardíacos, há um comprometimento crônico do organismo o qual pode causar a falta de oxigenação e de nutrição do organismo (FECHINE et al, 2012). Esses indicadores poderão causar uma patologia progressiva, a qual irá afetar os capilares cerebrais, tornando-se um fator decisivo na degeneração dos neurônios e, posteriormente, na sua morte. Com a progressão dessa decadência vascular, haverá uma quebra na homeostase da produção do óxido nítrico endotelial, a qual servira como uma cascata de liberação para uma alteração proteica, uma possível resposta inflamatória, o desenvolvimento de placas, emaranhamentos neuronais e esses fatores podem vir a auxiliar a na manifestação da DA (MOHANDAS et al, 2009).
O desenvolvimento das placas senis, dos emaranhamentos dos neurônios e da geração da resposta inflamatória pode demorar décadas para causar efeitos, e ocorre devido a alterações genéticas as quais causam distúrbios na sua produção. Devido a uma mutação da proteína Tau, ela se trona fosforilada de maneira anormal o qual provocara uma menor capacidade de polimerizar a tubulina, e causara o aumento dos fusos neurofibrilares nos neurônios. Já o maior volume de placas senis ocorre em consequência da modificação da APP, visto que ele sofre clivagem e se transforma na proteína β-amiloide a qual tem grande afinidade para a agregação proteica na parte exterior do neurônio (LUCATELLI et al, 2009). E a resposta inflamatória pode ser provocada pelo acumulo das células glias, tais quais as micróglias e os astrócitos, que teriam como função fagocitar os detritos e o excesso de proteínas, como a APP, do cérebro (MOHANDAS et al, 2009).
Dessa forma, os exames clínicos são muito importantes para o diagnóstico da DA para que seja diagnosticada e tratada. São necessário exames laboratoriais e de imagem, onde os exames clínicos baseiam-se no histórico do paciente que relacione qualquer outro fator que possa ter ocasionado prejuízo cognitivo ou mesmo até a DA, como uso de substâncias, traumas, doenças preexistentes, exposições ambientais, histórico familiar (NORDON et al, 2009). Nesse sentido, sendo importante também o exame físico para que seja identificado déficits neurológicos focais, sinais de hipotiroidismo, alteração de marcha, tremores, e outros diagnósticos diferenciais relacionados com DA (APRAHAMIAN et al, 2008).
Os exames laboratoriais de sangue solicitados são usados como exames diferenciais para descartar causas secundárias para a DA. Nesse sentido, podem ser citados os exames de hemograma completo, concentrações séricas de creatinina e ureia, hormônio tíreo-estimulante (TSH), tiroxina (T4) livre, albumina, ácido fólico, vitamina B12, enzimas hepáticas (AST, ALT, Gama-GT), cálcio, reações sorológicas para sífilis, e para pacientes com idade inferior a 60 anos, sorologia para HIV. Dessa maneira, os biomarcadores presentes no sangue estão sendo usados para o possível diagnóstico da DA, pois o sangue é mais facilmente obtido do que o LCR (líquido cefalorraquidiano) tornando os biomarcadores séricos ou plasmáticos mais atrativo para a prática clínica e pesquisa. (CARANELLI et al, 2011)
Neste contexto, os exames de imagem incluem a Tomografia computadorizada (TC), a qual é usado para exclusão de causas secundárias e reversíveis, como hematomas subdurais, tumores ou hidrocefalia de pressão normal. Enquanto que, a ressonância magnética (RM) é preferível pelo detalhamento anatômico e em detectar alterações, embora possa haver a contraindicação para à realização desse exame. Há também, a espectroscopia por ressonância magnética (ERM) onde é possível avaliar os metabólitos in vivo de forma não invasiva, como a redução de N-acetil-aspartato e o aumento de mioinositol e suas relações com creatina e água, sendo estes importantes metabólitos para detecção de DA. Podem comprovar diagnósticos clínicos, e ser recomendados para protocolo de pesquisas (CARANELLI et al, 2011).
A dieta e a realização de atividades físicas estão relacionadas a um possível declínio no desenvolvimento da demência a qual pode estar ligada a DA. As dietas baseadas em frutas e verduras estão ricas em vitaminas consideradas como antioxidantes, que seriam a vitamina E e C, reduzem o risco de uma possível inflamação que poderia estar associada a neurodegeneração (CARRETTA et al, 2012). Enquanto a realização da atividade física, de acordo com a Universidade de Harvard a qual realizou um estudo com mulheres com mais de 65 anos, estimulara uma redução no desenvolvimento do declínio cognitivo quanto maior for o tempo praticado algum exercício físico.
A atividade cognitiva pode ser considerada como fator de proteção e tratamento para a DA, pois o estímulo contínuo cerebral e as atividades de lazer reduzem o risco para a doença, onde há a possibilidade desses fatores melhorarem o funcionamento das redes cognitivas e assim, retardar os sintomas clínicos do Alzheimer. Sendo assim, a interação social mostrou-se também importante para a prevenção da DA, onde o estudo australiano revelou que idosos que tinham maior contato com seus amigos, aumentavam mais a sua expectativa de vida e demonstraram efeitos positivos na saúde física e mental (CARRETTA et al, 2012).
A avaliação cognitiva do paciente é realizada para fins de diagnóstico e análise de quão avançada está a doença, ou diferenciação de outras demências que possam afetar o neuropsicológico do idoso. Dessa maneira, a avalição é feita por meio de testes de cognição, como o Mini-exame do Estado Mental (MMSE), que examina memória, atenção, praxias do paciente, onde ajuda pacientes que precisam de uma avaliação mais aprofundada. Teste do Desenho do relógio, que é analisado pela escala Clock Drawing Interpretation Scale, onde é analisado as funções de linguagem, viso espaciais, onde serve de rastreio para DA. Há o subteste “Span de Dígitos” da Escala de Inteligência de Adultos de Wechsler (WAIS), um teste onde é reproduzido visualmente figuras de escala de memória de Wechsler, usado principalmente para avaliação de inteligência e memória em pacientes com DA (SCHLINDWEIN, 2010).
Em relação aos fatores, tanto de predisposição quanto de proteção, explorados nesse projeto pode-se afirmar que há uma grande necessidade de que haja um aprofundamento na criação de um perfil de predisposição e proteção, o qual poderá determinar a incidência desses fatores nos indivíduos os quais apresentam a doença de Alzheimer. O mapeamento de perfil poderá, futuramente, auxiliar em tratamentos paliativos, pois ele irá direcionar os agentes da saúde a determinar um plano terapêutico o qual pode utilizar os fatores de prevenção para reduzir o risco dos elementos, de predisposição. Ele também consiste em um questionário em que se possam selecionar grupos suscetíveis a predisposição da DA, e que dessa maneira seja possível se ter dados os quais possam correlacionar o comportamento do indivíduo e a possibilidade do desenvolvimento da doença de Alzheimer.
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